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"O racismo é como uma porta de vidro: não enxergamos de primeira, mas se tentarmos atravessá-la, vamos bater nela."

Aline da Mata, 27 anos, estudante de jornalismo da PUC-Rio, d'après Edith Piza, PUC-São Paulo

Fotos Wendy Andrade

"É espantoso que esses africanos pareçam bem-dispostos e consigam esquecer momentaneamente seu estado de escravidão, afinal, todos os homens brancos se concedem o direito de sistematicamente lembrar-lhes disso, não raro com uma bofetada. Um dia, estava na janela da casa do embaixador, na companhia de um senhor português, e mostrei-me indignado quando vi um europeu que passava bater com a bengala nas costas nuas de um alto, robusto e bonito escravo, que acidentalmente passara demasiado próximo dele.  Disse a meu companheiro que nada do que ocorrera justificava aquele ultraje e que o negro não havia ofendido o europeu. O senhor se equivoca, respondeu-me ele, calmamente; pois, realmente, naquela ocasião, o escravo nada fizera de errado, mas ele era um escravo e os portugueses deveriam constantemente zelar pela manutenção de sua autoridade, pois havia na cidade seis vezes mais escravos do que senhores." William Gore Ouseley

Jean Marcel Carvalho França. "Viajantes estrangeiros no Rio de Janeiro joanino". Antologia de textos 1809-1818, 1ª edição, José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 2013

Convidados especiais 

Em um país onde mais de 50% da população é negra, a discussão sobre o movimento negro na atualidade se faz muito presente. Desde a promulgação da Lei Áurea em 1888, o Brasil se inseriu na luta contra o preconceito e a desigualdade social. Conversamos com Adão Yayo, engenheiro angolano, sobre esse assunto polêmico. 

  As estatísticas evidenciam o que os olhos não querem ver. A cada 23 minutos, um negro morre no Brasil. O estudante de jornalismo da PUC-Rio Leonne Gabriel, 21 anos, conversou com os alunos sobre o racismo como estrutura da sociedade. Ele destaca a importância de receber os estudantes no meio acadêmico.  

Imprensa negra no Brasil
Paula Brito: editor pioneiro

1833 – O começo da imprensa negra surgiu com o lançamento do jornal O Mulato, por Paula Brito. O periódico ficou conhecido também como O Homem de Cor, Rio de Janeiro (RJ)

1833 – O Brasileiro Pardo, Rio de Janeiro (RJ)

1833 – O Cabrito, Rio de Janeiro (RJ)

1833 – O Lafuente, Rio de Janeiro (RJ)

1876 – O Homem: Realidade Constitucional ou Dissolução Social, Recife (PE)

1889 – A Pátria: Orgam dos Homens de Côr, São Paulo (SP)

1892 – O Exemplo, Porto Alegre (RS)

1899 – O Progresso: Orgam dos Homens de Côr, São Paulo (SP)

1916 – A Rua, São Paulo (SP)

1919 – A Liberdade, São Paulo (SP)

1919 – A Voz da Raça, da Frente Negra Brasileira, São Paulo (SP)

1920 – A Sentinela, São Paulo (SP)

1924 – O Clarim da Alvorada*

1928 – Auriverde, São Paulo (SP)

1948 – A Alvorada, São Paulo (SP)

1960 – Hifen, Campinas (SP)

1966 – Ìrohìn *

1978 – Tição, Porto Alegre (RS)

1988 – Geledés*

2008 – Áfricas*

2008 – Correio Nagô*

2012 – Blogueiras Negras*

2015 - Afronta (BH)

2016 - Nuvem Negra (RJ)

* Jornais online

Primeiro Jornal negro no Brasil

          Um dos maiores especialistas em história da África, o escritor, ensaísta, poeta e professor Alberto da Costa e Silva, costuma dizer que somos todos africanos. “É preciso ver a África, conhecer a África”. Uma vez que se vai lá, notam-se as semelhanças e as diferenças. “Proximidade e distância”, explica. Os coqueiros, os vegetais, as casas de sopapo, a paisagem ao sul de Angola, são iguais. “Só os negros do Brasil e da África conseguem dormir em cima de um muro!”, cita o estudioso que viu fotos de negros brasileiros e angolanos sonhando, felizes, equilibrados em estreitos muros. (Continua)

         

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